Vacina boa é vacina no braço!

Como trabalhadora da saúde, a vice-presidente do Sindicato, Rita Bulhões, está preocupada com algo que está ocorrendo, também, no processo de vacinação contra a Covid-19, em São Vicente. “Estão ocorrendo vários casos de pessoas que querem escolher a vacina, ao invés de terem a consciência de que o importante é se vacinar”, lamenta.

A dirigente reforça o alerta para o fato de que, de preferência, todos e todas precisam se vacinar para que “possamos vencer o vírus”. “O objetivo da vacina não é apenas a proteção individual, mas principalmente do coletivo. Os efeitos das vacinas estão ligados a essa massificação, o mais rápido possível”.

O médico infectologista Evaldo Stanislau expressou preocupação semelhante, em publicação nas redes sociais dele. “Nossa região tem caminhado muito bem em relação à vacinação por muitos motivos, com destaque ao perfil demográfico e à competência geral das equipes de saúde”, afirma.

Mas Stanislau alerta que “as duas doses são indispensáveis, e que mais de 80% das pessoas precisam se vacinar para impactar a circulação viral”. Importante: vacinados podem se infectar e transmitir o vírus, daí a importância de seguir usando máscara e evitar aglomerações.

“Cuide-se também porque mesmo vacinado você ainda poderá (ainda que como exceção) ter uma forma grave da doença”. Mas, segundo ele, vacina boa é vacina no braço: “embora as vacinas tenham diferenças entre si, TODAS reduzem formas graves”, assegura.

O especialista lembra, ainda, que “é possível, e isso já se previa, que passemos a combinar vacinas, direcionar vacinas para diferentes populações, ajustar formulações e fazer reforços por conta de variantes”.

Mas, segundo ele, não é o momento de fazer escolhas. “Devemos vacinar muito e o mais rápido possível!”. Isso é urgente porque a variante Delta está se espalhando no Brasil, como tem acontecido em outros países, “mesmo com muita vacinação”, afetando pessoas com vacinação incompleta. Stanislau ressalta que é cedo para dizer se essa variante é mais grave. Por isso, o USO DA MÁSCARA SEGUE ESSENCIAL.

Sommelier de vacina

As pessoas que exigem a vacina de sua preferência representam um fenômeno novo no Brasil: os “sommeliers de vacina” – a palavra sommelier remete ao profissional especializado em provar bebidas para atestar a qualidade. Mas, obviamente, os “escolhedores de vacina” não são especialistas.

Em São Bernardo do Campo, o prefeito Orlando Morando informou que colocará no final da fila da vacinação as pessoas que ficam escolhendo a marca de vacina, ao invés de aceitarem a aplicação das doses que estiverem disponíveis, independente dos fabricantes.

Os/as sommeliers de vacina terão seus dados anotados, deverão assinar um termo de responsabilidade na presença de duas testemunhas e serão mandados para o final da fila. “Caso a pessoa se recuse a assinar, duas testemunhas que estarão trabalhando no local irão assinar. Essas pessoas que se recusam a tomar a vacina no dia serão submetidas para o fim da campanha de imunização, ou seja, depois do último adulto de 18 anos na fila”, afirmou o prefeito.

“Insisto que vacina não é para escolher. Você lembra a marca da vacina que tomou de gripe? Não lembra. Ninguém nunca pediu marca de vacina. Por que agora, no meio da maior pandemia da humanidade, as pessoas querem escolher vacina?”, completou.

Talvez, São Vicente e demais cidades da Região pudessem seguir esse exemplo.