Trabalhadores públicos: Organizar a resistência!

por Marcelo Arias

Após diversos estremecimentos e um ensaio de ruptura durante a pandemia, o bloco político antipovo – formado pela grande mídia, os liberais e a direita radical – que ocupou o governo federal decretam trégua para deformar o Estado de Bem-Estar Social projetado pela Constituição de 1988.

O Estado de Bem-estar social brasileiro, inspirado pelas experiências europeias, acontece na vida do povo através de uma ampla rede de serviços executados diretamente pelo governo, uma vez que são funções não lucrativas. São instrumentos do Estado de Bem-Estar Social a rede de educação pública gratuita, o serviço gratuito de saúde, serviço gratuito de segurança, serviço de iluminação pública, acesso gratuito à justiça,

O novo ataque sobre os direitos dos servidores públicos é fruto de uma miopia ideológica de altíssimo grau. É impossível que o Paulo Guedes e sua turma de ultraliberais não consigam distinguir entre os burocratas de alto escalão (exatamente aqueles que possuem altíssimos salários e benefícios exclusivos) e aqueles que trabalham de sol a sol atendendo às demandas do sofrido povo brasileiro.

Pretendem, com essa reforma, tornar inóspito, inconsistente e inseguro o ambiente de trabalho no serviço público, tornar o serviço sucateado (afinal de contas, seguramos os serviços funcionando mesmo sem investimentos públicos!) e TERCEIRIZAR tudo. Mais e mais formas de negociar com o dinheiro dos impostos.

O mais curioso é que o Poder Judiciário, Ministério Público, Legislativo e Militares, onde se encontram a maior parte das sinecuras, não serão atingidos pela tal ‘Reforma Administrativa’. Os principais atingidos serão os Estados e municípios, que concentram a força de trabalho que enfrenta as dificuldades e péssimas condições nos hospitais e escolas da rede pública, na rede de assistência social, nas ruas exercendo funções de segurança, manutenção e fiscalização.

Nós, trabalhadores do serviço público, precisamos nos organizar para resistir às medidas que aprofundam a desigualdade no Brasil ao invés de reduzi-las, como defende nossa Constituição.

Precisamos formar uma forte corrente de resistência em defesa do Serviço Público, exigir mais investimento nas unidades e serviços que já existem, garantias de piso salarial e plano de carreira. Precisamos interromper o avanço liberal sobre as conquistas do povo. Só o serviço público gratuito é a garantia de acesso universal a direitos básicos previstos na constituição.