Mitos sobre servidores visam destruir o serviço público

Você se lembra que há um tempo atrás um certo candidato a presidente tentou enganar a população, dizendo que os servidores públicos eram marajás e que ele iria caçá-los?

Pois é, aquele candidato se chamava Fernando Collor e foi eleito com esse discurso demagógico. Depois se envolveu em tantos escândalos que não chegou até o terceiro ano do mandato. Pulou fora durante o processo de impeachment.

A ideia do “servidor marajá” foi criada porque a intenção deles, já naquela época, era destruir os serviços públicos e entrega-los para que o empresariado pudesse se aproveitar para lucrar sobre as necessidades da população.

Como deu para perceber, essa ideia de que o “servidor é marajá” não passa de um mito antigo, mas que ainda circula por aí porque interessa só para as elites (social, política, econômica e financeira).

A tática deles é a seguinte: quanto mais o povo acreditar nisso, mais se revoltará contra os serviços públicos, e ficará mais fácil será para as elites se apropriarem dos direitos básicos dos brasileiros.

Pode reparar: quem diz que a redução do funcionalismo resolverá a crise financeira do país são, geralmente, aquelas pessoas que não utilizam serviços públicos como o Sistema Único de Saúde (SUS), as escolas públicas e tantos outros.

O que essas pessoas não falam é que foram os servidores desses serviços que evitaram o colapso do Brasil durante a pandemia do novo Coronavírus.

A imensa maioria dos servidores está muito longe de ter uma vida de marajás. Mas mesmo assim estão prestes a ser punidos pelo Governo Federal, com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020 – a Reforma Administrativa.

E é sobre isso que falaremos a seguir.

Servidores não são marajás

Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que 70% dos funcionários ligados ao Poder Executivo (administração dos interesses públicos, comando e governo) ganham menos de R$ 4 mil. Desses, quase metade (48%) ganha até R$ 2.500 por mês.

Os servidores que estão na linha de frente do combate à Covid-19 (Saúde, Educação e Segurança pública) ganham em torno de R$ 3 mil, em média.

Eles arriscam suas próprias vidas para conter a pandemia, tentam ministrar aulas online em um país de baixa inclusão digital, sofrem represálias dos governantes enquanto cumprem suas funções, e seguem cuidando da população, apesar da gigantesca desvalorização.

Então, por que o servidor público é chamado de marajá?

Dizer que os trabalhadores da máquina pública são marajás é uma das estratégias das elites para favorecer a iniciativa privada, em vez dos interesses do povo.

Se os brasileiros acreditarem em mentiras, como “todo servidor tem altos salários”, “estabilidade é mamata” ou “não são eficientes”, os governantes ligados a interesses particulares terão mais facilidade para privatizar os serviços públicos. E a Reforma Administrativa está aí para isso.

Ou seja, com a PEC 32, o Governo Federal tenta convencer o povo a entregar o patrimônio público e abrir mão de seus próprios direitos. Com isso, esses aproveitadores irão explorar as carências da população (sobretudo das pessoas mais pobres).

Além de mentirosas, todas essas ideias vão contra a Constituição Federal (CF), que estabeleceu certos serviços (como saúde, educação, segurança pública etc.) como públicos, de qualidade e acessíveis a todos.

A verdade

mito do servidor marajá é antigo, mas está de volta porque o governo brasileiro pretende desmantelar o Estado e está usando diversas estratégias para isso, inclusive enganar a população.

Com o uso da desinformação, os próximos passos são entregar o patrimônio público às elites e deixar a população vulnerável ainda mais abandonada.

A verdade é que servidores públicos não são marajás, e trabalham para cuidar dos interesses do país e do seu povo.

Um país com tantas necessidades, ainda marcado por profundas desigualdades sociais, precisa do trabalho dos servidores para garantir o acesso da população a direitos básicos.

Fonte: É público, é para todos!Uma campanha em defesa dos serviços públicos