Categoria protesta contra proposta absurda de 0% de reajuste

O Sindicato promoveu, no fim da tarde desta terça-feira (14/12), ato de entrega do ofício de rejeição à contraproposta de 0% de reajuste salarial apresentada pelo Governo. Em defesa da valorização dos servidores, a manifestação teve a presença de aproximadamente 60 pessoas, em sua maioria servidores públicos municipais.

O Secretário Executivo do Gabinete do Prefeito, Mário Santana Neto, recebeu o presidente Edson Paixão e o secretário geral do SindServSV, Marcelo Arias. Neto alegou que a proposta do Prefeito não seria oferecer 0% de reajuste, mas negociar na Comissão Permanente em março, com o objetivo de chegar a algum percentual. Essa narrativa foi prontamente rebatida pelos dirigentes com o óbvio: se não apresenta qualquer reajuste, a atual proposta do governo só pode ser zero.


Já a manifestação na porta do Paço contou com a solidariedade de dirigentes do Sindicato dos Servidores Estatutários (Sindest) de Santos, do Sindicato dos Químicos da Baixada Santistas e do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Praia Grande.

Como já sabido pela categoria, a pauta de reivindicações (composta por 19 itens) foi quase toda negligenciada pelo documento enviado pelo governo, que não disse nenhuma palavra sobre reajuste salarial nem o pagamento das dívidas trabalhistas acumuladas desde 2016 (aposentadorias, rescisões, horas extras e licenças prêmio).

“A administração diz que voltaria a conversar a partir de março, mas até lá a proposta do governo concretamente é zero. No entanto, o objetivo do Sindicato é conquistar algum percentual de reajuste, porque o servidor tem pressa”, disse Arias.

Em transmissão ao vivo da entrega do documento, o presidente Edson Paixão afirmou que “O Sindicato nunca se furtou a negociar porque acredita que o Prefeito tem condições de apresentar uma perspectiva melhor para a categoria, de modo a amenizar o sofrimento da mesma. Estamos a disposição”.

“Tuas ideias não correspondem aos fatos”

Em assembleia, a categoria considerou a proposta do governo desrespeitosa e frustrante, justamente após longo período sob efeito da Lei 173/2020, que congelou salários e a contagem de tempo para quinquênio, licença-prêmio, entre outros benefícios, ocasionando a perda do poder de compra em meio à alta da inflação.

Além disso, o funcionalismo tem sido “linha de frente” no combate à pandemia de Covid-19, sofrendo com a perda de colegas e com o baixo salário, apesar do discurso vazio de que os servidores são essenciais. O discurso não é acompanhado pela prática. Como diria o poeta Cazuza: “Tuas ideias não correspondem aos fatos”.

Valorização na prática

Em razão da perda de validade da Lei 173/2020 em 31 de dezembro e a aprovação de Lei Orçamentária Anual (LOA), que prevê gastos maiores em 2022, o funcionalismo esperava que o próximo ano reservasse boas notícias. Anteriormente, a Administração havia se comprometido a retomar o pagamento dos retroativos (aposentadorias e horas extras desde 2016) a partir de janeiro. Mas o Prefeito recuou até neste assunto.

Mas os servidores, e seu Sindicato, irão continuar em ação por valorização também na prática, valorização concreta! (não só no discurso). A criação do piso municipal, um reajuste salarial digno, um plano de pagamento dos atrasados e o Plano de Cargos Carreiras e Salários serão itens centrais das novas rodadas de negociação.

Nova política?

Umas das falas durante o ato recordou que o prefeito Kayo Amado convenceu muita gente de que representa a “nova política” – seja lá o que isso signifique. Então, fica o questionamento: existe política mais ultrapassada do que aquela que desrespeita e prejudica a classe trabalhadora? Nenhuma novidade.