Apesar de você, Kayo, os servidores resistem

Em greve desde 10 de março, os servidores públicos municipais de São Vicente seguem em luta heroica contra a intransigência do prefeito Kayo Amado, que se nega a cobrir as perdas inflacionárias nos últimos dois anos. O mísero percentual oferecido até agora (1,8%) é o menor da Região, mas o “gestor” continua mentindo que o Sindicato se nega a negociar, após longos meses de tentativa até a data-base (fevereiro).

Na segunda-feira (21), faltando só três dias para a audiência de conciliação no Tribunal de Justiça do estado de São Paulo, a Prefeitura pediu antecipação dessa reunião, em um verdadeiro jogo de cena para aparentar preocupação com o serviço à população. Ontem mesmo, a solicitação foi negada e a audiência está mantida para quinta-feira (24/03), às 15h.

“Espera-se que estejamos errados e isso seja sinal de interesse em resolver a questão de forma respeitosa com a categoria, melhorando essa proposta para uma porcentagem aceitável de reposição salarial”, afirma Marcelo Arias, secretário geral do SindServSV.

Mantendo a resistência às ações do governo, que tenta minar o direito constitucional de greve, os servidores responderam com faixas, apitaço, carro de som e indignação, na porta da Prefeitura.

Enquanto aguarda julgamento do seu recurso (agravo de instrumento) junto ao TJ-SP, o Sindicato está, sim, atuando para garantir o respeito à liminar.

Mas, relatos dos próprios servidores, a própria Prefeitura tem se utilizado de um já defasado quadro de pessoal para acusar falsamente o Sindicato de ilegalidade e tem remanejado profissionais de modo a ampliar a porcentagem (acima dos 80% exigidos por profissão) de servidores trabalhando em algumas unidades essencias da saúde.

Unidade e resistência

Apesar das adversidades, os trabalhadores e trabalhadoras em greve conseguem vivenciar momentos de alegrias durante os intervalos entre as intervenções ao microfone e os apitaços, que não são as únicas trilhas sonoras: as manifestações também são embaladas por clássicos da música popular brasileira e outras canções, alegres, tristes e de esperança, que falam ao coração dos servidores.

A letra da canção “O canto das três raças”, de Clara Nunes, diz o seguinte: “O canto do trabalhador. Esse canto que devia. Ser um canto de alegria. Soa apenas Como um soluçar de dor”. Os servidores públicos municipais querem: que seu canto seja somente de alegria, apesar de você, Kayo Amado.