Abono COVID19: a confusão continua…

A intenção até podia ser boa: premiar, monetariamente, os servidores que estão na chamada ‘linha de frente‘ do combate a epidemia.

O resultado do abono COVID19, depositado no dia 1º de maio, dia do trabalhador, gerou insatisfação e revolta em todas as áreas da prefeitura, inclusive entre os servidores da Saúde, público alvo da política pública de “premiação”.

O Sindicato já tinha avisado, através de ofício e através da imprensa sindical, que não seria possível encontrar critérios ‘justos’ para decidir quem deveria ou não receber o abono. Por esse motivo, defendíamos que todos que estavam trabalhando deveriam receber.

Temos recebido inúmeras reclamações de servidores que estão trabalhando na primeira trincheira (um pouco mais à frente da linha de frente) e que não receberam o abono pois a letra fria da lei não os alcançou.

Entre os inconformados, apenas para citar alguns casos, está gente que adoeceu na ‘linha de frente’, foi isolada socialmente por orientação médica, retornou ao trabalho após 15 dias e continua na trincheira; gente que foi afastada e que não fez teste porquê não tinha na cidade; gente que fez teste e o resultado não chegou a tempo; gente que foi afastada por suspeitas e recomendação médica e o teste deu negativo; gente que foi doar sangue e por isso não alcançou o benefício; gente que trabalha dentro do Hospital Municipal, mas cuja profissão não está relacionada; gente que exerceu seu direito à falta abonada (um decreto não tem força para suspender ou cancelar um direito garantido por Lei Complementar) e por essa ocorrência não recebeu; gente que não está lotada na Secretaria de Saúde mas que ocupa a mesma ‘linha de frente’ em outras secretarias ou nos prédios públicos que estão com funcionamento restrito. Enfim, servidores e servidoras que não fugiram ao trabalho e às suas responsabilidades com a cidade e os munícipes em um momento tão delicado da nossa existência.

E ainda existe o inconformismo com a parcela única, sendo que a situação de exposição ao contágio perdurará por muito mais de um mês.

Já era de se esperar que uma legislação que entrega a uma única secretária o poder discricionário de indicar quem vai receber um benefício, traria problemas. Nem precisava ser especialista em gestão pública, ou saúde, ou legística ou ter grande conhecimento prático da rede de serviços públicos. Só precisava entender de gente.

O Sr. Prefeito sabe que pode buscar ouvir a voz de quem tem contato cotidiano com a gente que faz acontecer a rede de serviço que ele deve, por função do cargo, gerenciar. Em momentos de crise, especialmente, é positivo ouvir vozes que soem dissonantes, a fim de criar cenários alternativos que possibilitem melhores escolhas e decisões.

É importante corrigir rumos. Dá tempo. Para enfrentar tempos de crise, a Cidade precisa, como nunca, do servidor público valorizado e trabalhando tranquilo, satisfeito e com foco.

SERVIDOR: AS MÃOS QUE MOVEM A CIDADE!