Brasileiro parece ainda ter dúvida sobre o que é assédio 

Artigo de Wellington Torres – Editor-chefe da equipe de redação da Agência de Comunicação Grita São Paulo – AGSP. Heavy user de redes sociais, é fã de tecnologia e estimula a renovação constante 

Nas últimas semanas fomos inundados por notícias relacionadas a um grupo de brasileiros que teriam, de forma proposital, assediado uma cidadã russa. O vídeo teve milhões de acessos e mostra estes homens incitando a moça a falar palavras de caluniosas e duplo sentido. A partir daí surgiu um grande debate com pessoas defendendo o fato da repercussão dada ser um grande exagero e outras considerando o ato um crime. Aí chegamos a uma conclusão trágica: não sabemos mesmo definir quando ocorre um assédio.

Para facilitar, segundo o dicionário, assédio consiste numa perseguição insistente e inconveniente que tem como alvo uma pessoa ou grupo específico, afetando a sua paz, dignidade e liberdade. E, convenhamos, nosso mundo tem um histórico lamentável de humilhação às mulheres. O ato dos rapazes com a russa, apesar das alegações de inocência, caracteriza um machismo e uma situação de superioridade enraizada por anos em nossa sociedade. É o famoso “politicamente correto” não sendo colocado em prática.

SENTE SÓ – Para se ter uma ideia, o ministro do Turismo do Brasil, Vinicius Lummertz minimizou os casos de assédio provocados por brasileiros na Copa do Mundo. O político, curtindo a Copa em Moscou, em uma ação da Embratur, acredita que os brasileiros andam intolerantes com com as falhas humanas e afirmou ainda que o caso não foi tão grave, pois não “morreu ninguém”. Ele ainda culpa as mídias sociais pela falácia em torno deste caso. Minha opinião? Ele precisa pensar se teria a mesma percepção se fosse uma familiar.

Não podemos nos calar em meio a situações como esta. Vale sim o debate acerca de limites e valores. Ao agir desta forma e passar de forma impune, a pessoa tende a repetir seus atos cada vez de forma mais agressiva e desnecessária. Não seja parte da parcela ignorante da população. O assédio existe em todos ambientes, a começar pela própria casa. No esporte, em meio a ânimos exaltados, também vivenciamos isso. Resta saber o que queremos para nós de volta. Para nossas filhas. Nossas esposas. Enfim, para todos.

(Fonte: Agencia Grita São Paulo)