Ainda sobre a Campanha Salarial

A cidade de São Vicente é desafiadora

Um tecido social muito empobrecido, sem nenhuma identidade com o desenvolvimento e com a justiça social. Nenhuma atividade econômica marcante e nenhuma vantagem comparativa em relação a seus vizinhos. Grande população, baixa arrecadação, muita corrupção.

Os servidores públicos conhecem bem o resultado dessa nefasta combinação. Muita procura pelos serviços públicos e arrocho salarial constante. A cidade não paga salário justo para seus servidores.

Rei morto, rei posto….

Toda vez que entra um governo novo, pretende deixar marcas na cidade. Uma delas acontece, mesmo sem querer, na relação com o funcionalismo. Todo grupo político tem um certo ‘ethos’, ou seja, uma forma de se relacionar, um comportamento ético. Esse comportamento desmente, muitas vezes, os discursos e promessas. E só quem convive no dia a dia sabe qual é esse comportamento.

Os servidores públicos conhecem de perto os governantes. Por isso a categoria tem fama, no mundo político, de ser capaz de derrubar qualquer governo.

Sentimento de frustração e traição

O funcionalismo anda indignado. Desde o começo da pandemia, enfrentamos o vírus e seus efeitos. Fomos a tal ‘linha de frente’. E o que ganhamos com isso? Congelamento de salários, perda no poder de compra, trabalho dobrado para compensar a falta de colegas. O quadro funcional continua reduzido. Perdemos colegas para a COVID, para outras enfermidades decorrentes, para o baixo salário. Perdemos poder de compra, seja pela volta da inflação ou pela falta de reajustes salariais orquestrados por governos inimigos dos servidores e da classe trabalhadora como um todo.

Além disso, no âmbito do município, medidas restritivas como a instalação de ponto digital (com fortes sinais de seletividade!), monitoramento de redes sociais e uma sufocante vigilância pioraram o dia a dia das repartições. O assédio moral deixou de ser uma atitude de alguns para ser uma atitude institucional. Além de manter chefes considerados ‘carrascos’, a nomeação de comissionados sem nenhuma aptidão técnica para o serviço contrasta com o discurso da campanha eleitoral.

Projetos que não saíram do papel

O Sr. Prefeito, ainda candidato, disse que tinha se preparado e que sabia como fazer para resolver os problemas da cidade (e os do funcionalismo junto!). Tá na hora de mostrar essa sabedoria, pois de boa intenção o inferno está cheio…

Temos, enquanto trabalhadores, muito respeito e muita paciência. Mas um ano já se foi, com pandemia, com tudo, e continuamos aguardando as soluções prometidas ou mesmo um plano que possa ser anunciado é submetido a críticas e contribuições.

Quem acha que vai encontrar complacência desta direção sindical está bastante enganado.

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Recordar é viver…