Agressão a servidores só ajuda a destruir serviços públicos

Nesta segunda-feira (09), o site do G1 publicou um vídeo sobre uma confusão envolvendo alguns agentes de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos e um grupo de pessoas, que tentavam impedir os profissionais de levarem uma moto (já em cima do guincho), que havia sido estacionada de forma irregular na Orla.

Segundo a CET de Santos, por meio de nota enviada ao site, essa confusão teria ocorrido no sábado (06), quando os agentes de trânsito atenderam uma denúncia de motocicletas estacionadas em local proibido. Segundo o comunicado, das 13 motos em local irregular, apenas uma não foi retirada pelos donos após a chegada dos agentes de trânsito.

O dono da última moto só chegou quando ela já havia sido guinchada, então provocou a confusão. As imagens mostram quatro banhistas tentando remover as travas de segurança que prendiam a moto, enquanto que outras pessoas incitavam a atitude deles e agrediam verbalmente os servidores. A PM foi acionada para auxiliar os servidores.

Os agentes de trânsito de São Vicente sabem o que é desrespeito. Vale lembrar o caso de agressão física e verbal contra um Agente de Trânsito, ao realizar um auto de infração em veículo estacionado em área de carga e descarga – portanto, local proibido para estacionamento. Mesmo sendo alvo de agressões verbais, o servidor manteve o sangue frio e não aceitou a provocação, mas o proprietário do carro pegou uma barra de ferro e atacou o agente, que aplicou técnicas de defesa pessoal para imobilizar o agressor.

Em texto publicado à época, a comunicação do Sindicato relatou “após serem separados por pessoas no entorno, que presenciaram a tentativa de agressão, o criminoso voltou a atacar o agente, agora incentivado por amigos e outros condutores infratores que também se acham acima da lei. Mais uma vez imobilizado e desarmado, o criminoso tentou fugir, mas foi capturado pela imediata atuação da Polícia Militar”. 

No início deste ano, os agentes de trânsito estavam expostos à situação de insegurança durante a fiscalização do tráfego na Ponte dos Barreiros, enfrentando tentativas de intimidação.

“Fogo cruzado”

Em comum, nos dois primeiros casos, é a cumplicidade com o erro, a irregularidade e a violência por parte de algumas pessoas que testemunharam esses fatos, ao se colocarem na defesa do agressor, em São Vicente, e dos infratores, em Santos. Tanto em uma quanto na outra situação, houve quem se uniu para hostilizar os agentes de trânsito.

Óbvio que tanto os agentes de trânsito quanto outras categorias do serviço público, muitas vezes, encarnam as insatisfações populares com o Poder Público. Mas, quem fica no meio do “fogo cruzado”, é o funcionalismo público, que atua no atendimento à população – principalmente aqueles que atuam na área de segurança pública, como os próprios agentes de trânsito e os guardas civis municipais, que têm funções de repressão. Esta diferença é essencial em relação a categorias da saúde pública, como agentes de vigilância epidemiológica ou socorristas do SAMU.

Ou seja, sofrem a população e os/as trabalhadores/as do serviço público, em razão de más decisões dos governantes. No entanto, o maior absurdo é o funcionalismo público municipal sofrer represálias por cumprir suas obrigações.

Nosso papel

Os servidores públicos também vivem sob constante ataque do Governo Bolsonaro, que busca convencer que o funcionalismo é inimigo da população para aprofundar o desmonte do Estado, a exemplo da PEC 32. Neste contexto, o papel dos sindicatos é fundamental para organizar a resistência dos trabalhadores do setor público e a classe trabalhadora, na perspectiva da defesa de direitos e pela abertura de novos horizontes de transformações sociais.

O SindServSV e seu departamento jurídico seguem vigilantes sobre as condições de trabalho da categoria. Afinal, faz parte do papel deste sindicato não compactuar com agressões de qualquer natureza a membros da categoria. E a população precisa entender que agredir servidores é dar um “tiro no pé”, só favorece quem quer acabar com os serviços públicos.