A (falta de) representatividade das mulheres na política

Mesmo após 88 anos da conquista do voto feminino, o número de mulheres nos espaços de poder ainda é pequena – em pleno ano de 2020. Em São Vicente, por exemplo, não há sequer uma vereadora, e essa é uma realidade em diversas Câmaras Municipais.

Com isso, as mulheres não são representadas diretamente, e consequentemente são poucos os projetos que as auxiliam em suas lutas e conquistas diárias. Desta forma, é inviável o avanço da sociedade, já que mais da metade da população (as mulheres) tem sua voz diminuída.

A representatividade feminina é necessária. Em 2016, no Brasil, 12,5% das candidatas que concorreram às eleições municipais não receberam votos, ou seja, 18.244 mulheres que não tiveram a chance de disputar um cargo público. Neste contexto, pautas importantes foram aprovadas apenas depois de muito tempo de luta. Por exemplo, só em 2015 foi aprovada a Lei do Feminicídio; só em 2018, a importunação sexual passou a ser considerada crime.

Em ano de eleição, é preciso lembrar que, sem mulheres eleitas, não é possível formular projetos e políticas públicas que movimentam a sociedade como um todo, garantindo que mais nenhuma mulher seja vítima de feminicídio e demais formas de violência. Ou que garanta que não haja mais falta de vagas em creches. Enfim, para que sejam garantidos os direitos das mulheres.

Apesar da maioria do eleitorado ser constituído por mulheres, o Brasil não costuma elegê-las para cargos eletivos. Isso ocorre pela cultura sexista, ainda existente, de que a mulher deve cuidar da casa ao invés de opinar em discussões políticas. Assim, alguns partidos usam apenas de fachada a figura das mulheres, só para cumprir a cota mínima obrigatória de 30% de candidaturas femininas.

Falta investimento sério nessas candidaturas. Por isso, partidos e eleitores devem incentivar e apoiar para que haja mais mulheres na política, ampliando a representação feminina nos parlamentos e executivos, contribuindo com políticas públicas para o funcionamento da sociedade e o avanço das cidades e do Brasil. Um país que se considera democrático não pode abafar as vozes das mulheres.