Debater a situação da mulher é preciso

O Dia Internacional da Mulher (08 de março) é um marco importante que serve de lembrança sobre a história de lutas das mulheres em defesa de seus direitos e, principalmente, sua liberdade. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

É preciso reconhecer o que já foi conquistado e refletir sobre os desafios que ainda negam a elas o direito de viver sem medo, como o feminicídio (que é o assassinato da mulher em razão do ódio ao seu gênero feminino – ou seja, pelo fato de ser mulher).

Uma pesquisa feita pelo site G1, com base nos dados oficiais de 26 estados mais o Distrito Federal, mostrou que em 2018 os registros de feminicídio cresceram 12% em comparação ao ano anterior. Foram 1.173 no ano feminicídio no ano passado, ante 1.047 em 2017.

A própria reportagem do G1 lembra que, desde 9 de março de 2015, a legislação endureceu as penas para casos de feminicídio – ou seja, mortes que envolvam “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. Esse levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Os dados mostram que, quatro anos após a sanção da Lei do Feminicídio, mais delegados estão enquadrando os crimes como feminicídio. Isso porque houve uma queda de 6,7% do número de homicídios dolosos de mulheres em 2018. No ano passado foram registrados 4254 homicídios dolosos de mulheres. Homicídio doloso é quando há intenção de matar. Tudo isso mostra que uma mulher é morta a cada duas horas no país. A pergunta que fica é: quantos mais casos de feminicídios não são enquadrados como tal? Ou seja, esses números podem ser ainda maiores.

Há, também, vários outros desafios apesar de certas conquistas. As mulheres conquistaram espaços no mercado de trabalho, mas ainda têm salários menores do que os homens nas mesmas funções ou enfrentam situações de assédio moral e sexual.

Segundo o projeto Relógios da Violência, do Instituto Maria da Penha, a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal e a cada 1,4 segundo há uma vítima de assédio, no Brasil. No mercado de trabalho, as mulheres recebem 77% do salário dos homens, de acordo com o IBGE. E essa diferença aumenta quanto maior a idade das mulheres.

Além disso, hoje em dia em que a classe trabalhadora tem sofrido com a perda brutal de direitos e os alto número de desemprego, o que obriga as pessoas a aceitarem baixos salários e condições ruins de trabalho.

Nesta situação, as mulheres que normalmente já sofrem com desigualdades e discriminações são ainda mais afetadas pelo aumento da exploração do trabalho, já que em geral elas enfrentam duplas jornadas: trabalham fora e dentro de casa.

“As mulheres sofrem muitas violências. Físicas, salariais e discriminação no ambiente de trabalho. O 8 de março é um dia especial para suas reivindicações por igualdade de direitos e oportunidades”, afirma a socióloga Eva Blay, professora emérita da USP e uma das principais pesquisadoras da data. “O Dia Internacional da Mulher joga luz sobre essa situação”.

Comunicação/SindServSV